Archive for 30 de outubro de 2009

Copa 2014 em Manaus. E agora? (parte III)

30/10/2009

Prometo que a partir do próximo post vou dar um tempo no assunto Copa 2014 antes que saiam dizendo por aí que estou contra a cidade, etc e tal… Além do que, terei imenso prazer em debater este assunto no próximo dia 20 de novembro no auditório da UNINORTE atendendo ao convite do DCE da universidade. Mas, voltando ao assunto, querem saber outro engodo criado pela “máquina propagandista nazista” do Dudu, “o grande”?

Muita gente acredita que sediar a Copa atrairá muito dinheiro para as obras na cidade e que Manaus vai virar um grande canteiro de investimentos públicos “novos”… Vamos aos fatos!

Para garantir a indicação de Manaus como a cidade-sede do Norte na Copa de 2014, o Governador Eduardo Braga apresentou um ousado projeto que prevê um investimento de aproximadamente R$ 6 bilhões, que serão gastos principalmente em infra-estrutura.

Sabem de onde vem aproximadamente 90% (isto mesmo, noventa por cento!) destes recursos prometidos a FIFA? Do orçamento do próprio ESTADO DO AMAZONAS. Ou seja, do bolso do nosso povo, vez que o dinheiro terá que sair da EDUCAÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA e todas as demais políticas públicas de desenvolvimento, inclusive do interior, para ser prioritariamente aplicado na Copa de 2014.

Considerando os fatos acima, seria necessário perguntar, com a maior responsabilidade possível, o seguinte: Se não houvesse a Copa para sediar, estes mais de 5 bilhões não seriam aplicados do mesmo jeito aqui? Se sim, haveria outras prioridades? Se não, onde seriam investidos estes recursos? Aliás, tenho uma sugestão, porque não quintuplicar o investimento na saúde de alta complexidade (vide HUGV e Santa Casa fechados!) ou construir umas 1.500 Escolas de Tempo Integral? Que tal mais uma ponte, desta vez no lugar certo, ligando Manaus ao resto do Brasil pela BR 319? Mas vamos lá… Todos juntos… “Eu tenho orgulho de ser amazonense…“.

Boa noite que eu estou com sono. (risos)

Copa 2014 em Manaus. E agora? (parte II)

30/10/2009

Vamos imaginar, hipoteticamente, que na Copa do Mundo de 2014 caiba a Manaus, como cidade-sede, receber as seleções da França, Croácia, México e Camarões. Isto significa que cerca de 80 mil turistas vindos destas nações estarão nos visitando durante 10 dias, ou seja, muita gente tentando se comunicar conosco em francês, espanhol e croata.

Primeiramente, vale ressaltar, que a grande maioria das pessoas destes países consegue se expressar razoavelmente em inglês. Que sorte, hein!

Suponhamos agora que um curioso casal de croatas resolve ir a um restaurante de comida típica amazonense, ávidos para conhecer algumas de nossas deliciosas especialidades, e chegam ao Açaí, localizado na Rua Acre. Isso depois de se comunicarem através de mímica com o Sr. Marcelino, um experiente taxista, que garante uma proveitosa viagem.

No restaurante, escolhem a mesa e, com um inglês puxado e bastante limitado, pedem o cardápio. Numa lista de pratos totalmente descritos em português, o casal tenta traduzir a palavra SARAPATEL. Chamam o garçom, que não sabe uma palavra de inglês (muito menos de croata), e esforçadamente tentam descobrir o que é um sarapatel de tartaruga. Já imaginaram a tortura?

Ao final, depois de muito sacrifício, eles ainda ficam sem saber quanto vale o prato que pediram, pois os preços do cardápio estão em Real, moeda tão exótica quanto é o Kuna (moeda da Croácia) para nós brasileiros. Porém nossos persistentes turistas utilizam a calculadora do celular para fazer contas de conversão, pelo menos entre o Real e o Dólar. Que indigestão!

Na próxima vez é melhor ir ao Mc Donald’s e pedir um Big Mac, que tem o mesmo nome e pronúncia no mundo inteiro.

Isto tudo vale para perguntar: nossos taxistas estão preparados para se comunicar minimamente com seus futuros clientes, pelo menos em inglês? E nossos garçons? Nossos restaurantes estão fornecendo pelo menos um cardápio em inglês/português? E os preços estão convertidos em uma moeda mais universalizada? Qual programa governamental de apoio aos proprietários dos estabelecimentos de Manaus para qualificar a mão-de-obra foi ou está sendo discutido com as entidades de classe empresariais e dos trabalhadores? E a polícia está preparada para atender emergências em outros idiomas? Quantos postos de informações turísticas funcionam em Manaus? Temos mapas atualizados, que possam servir de referência, para a utilização do sistema de transporte coletivo?

Como se pode ver, para receber turistas, sediar eventos de grande envergadura internacional, enfim, para ser cidade-sede da Copa do Mundo, precisa-se muito mais do que um belo estádio de R$400 milhões.